Afirmar que a educação na pandemia continua sendo um grande desafio ainda é uma dura verdade, afinal já estamos com escolas fechadas total ou parcialmente há 1 ano e muitas localidades não desenharam seu plano de enfrentamento. De modo geral, muitos de nós, educadores, continuamos em busca de alternativas para que a educação não pare, para que a evasão não avance ainda mais e para que estudantes se sintam acolhidos mesmo com medos e incertezas.
Se o mundo estava em um processo de transformação acelerado e incerto, o que dizer de 2020 e dos prognósticos que temos para 2021? Como a escola deve se posicionar? Como apoiar estudantes a se tornarem criativos e inovadores, capazes de construir alternativas mesmo diante da pouca previsibilidade? Como amparar professores e profissionais da educação em suas dificuldades e valorizar suas capacidades em tempos tão difíceis?
O caminho que construímos até aqui nos permite refletir sobre algumas percepções e é isso que vamos compartilhar com você agora:
1. O ambiente em que a aprendizagem ocorre deve ser seguro para todos.
As soluções que levaram em conta as dores e contribuições de professores, estudantes e responsáveis favorecem maior engajamento e bem estar emocional de todos. Plataformas, conteúdos, metodologias e objetos educacionais devem servir para equilibrar a carga de trabalho do professor, desenvolver a autonomia dos estudantes, promover mais tempo para a mediação pedagógica de qualidade e dar suporte a um planejamento pedagógico que abranja diferentes realidades, espaços de reflexão e revisão constantes.
2. Não se trata apenas de capacidade tecnológica.
Esse segundo ponto fica mais claro a cada dia. Quando nos vimos desafiados a migrar milhares de estudantes para plataformas e ambientes digitais, em um espaço curto de tempo, tivemos sim que contar com a tecnologia para viabilizar esse movimento. Mas foi preciso ter a flexibilidade como um princípio para que ferramentas e estratégias fossem combinadas com os recursos. Um país de realidades múltiplas como o Brasil exige estratégias diversificadas.
3. A educação precisa ser flexível.
Seja online, presencial, totalmente remoto ou híbrido, precisamos de flexibilidade. O distanciamento social imposto nos mostrou que as salas de aula não precisam ser apenas as físicas, que professores aprendem com seus estudantes (e isso é maravilhoso!), que todos somos capazes de nos reinventarmos se sentirmos que estamos juntos, de mãos dadas, e que crianças e jovens bem amparados são capazes de colaborar, de refletir e de transformar o mundo.
4. É fundamental acreditarmos nas capacidades dos estudantes.
Eles podem se adaptar ao novo e recriar junto com a gente as experiências de aprendizagem. Se não cremos, não oferecemos a eles o melhor que podemos. As soluções pedagógicas, em tempos de pandemia ou fora dela, devem estar conectadas com as necessidades e interesses dos estudantes, devem despertar curiosidade e desejo de saber mais.
5. A afetividade e o bem-estar emocional não podem ficar de fora.
Nenhum plano de ação será completo se não der espaço para as emoções, se não for possível pensar e falar sobre elas. Esse diálogo cuidadoso que apoia estudantes a conhecerem melhor a si mesmos e as suas emoções vai agregar ao conjunto de práticas pedagógicas e vai ecoar nas relações como um todo.
Encarar o contexto acirrado pela pandemia como uma oportunidade para melhorarmos a educação não é otimismo infundado ou descolamento da realidade. É a nossa melhor alternativa. Continuaremos a andar em direção a mudanças velozes, profundas. E para não testemunharmos passivamente os acontecimentos, necessitamos, dentre muitas ações, de:
- Uma sociedade que valoriza a educação e a inovação;
- Um corpo docente em constante aprendizado e aperfeiçoamento;
- Estudantes que confiam em si mesmos, na escola (como um espaço múltiplo, institucional, importante para seu desenvolvimento), e em seus professores;
- Famílias e responsáveis mais envolvidos com a jornada escolar dos estudantes.
Vamos juntos?